Os meses de estiagem na região sudeste estão próximos e a falta de chuva é um dos fatores de alastramento de fogo em matas. Mas o curioso – e preocupante – é que 97% dos incêndios nem começariam não fosse a ação deliberada do homem. O alto índice atenta para os consequentes danos ao meio ambiente num estado que tem 91 unidades de conservação.
O verde das montanhas que curvam o horizonte embelezam as paisagens do Estado e, sob a chancela do Governo de Minas Gerais, esses locais carregam forte potencial turístico e ambiental. Portanto, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) se preparam para o período uma força tarefa que reúne 288 brigadistas, mais outros servidores que se debruçam nos canais de informação instalados para receber alertas sobre focos de incêndio. A ação carrega o nome de Previncêndio.
Somando os dois últimos anos, mais de R$30 milhões foram investidos na ação. Para 2017, ainda não se tem o valor, uma vez que dependerá das demandas que surgirem ao longo dos dias.
Na outra ponta, enquanto acontecem incêndios por ação criminosa, há um corpo muito consistente de voluntários no combate ao fogo nas unidades de conservação mineiras. É o caso da ONG Brigada 1, da qual Daniel Rocha é o presidente. Biólogo e tratador de animais da Fundação Zoo Botânica, há oito anos Daniel entrou para a entidade como brigadista voluntário, após ter passado por curso ministrado na ONG.
Hoje em dia, não é só o combate ao fogo a contribuição do biólogo para a iniciativa. Muito engajado em causas ambientais, Daniel participou de curso oferecido pelo Previncêndio e atua na preparação das atividades da ONG, além de ser um dos instrutores para formação de brigadista.
“Sou orgulhoso de fazer parte da Brigada 1. Com 14 anos de existência, a ONG presta um serviço que une utilidade com qualidade e volume. Somos um braço forte para o combate ao incêndio no estado. Ano passado, por exemplo, participei do controle do fogo de grande proporção que acometia o entorno do Parque Estadual do Rola Moça. Encostas íngremes e mata fechada dificultaram o combate rápido do fogo, mas, no fim, contivemos o alastramento e deu tudo certo”, conta o biólogo que se dedica tanto ao voluntariado que perdeu dias de trabalho em algumas ocasiões. “Quando o fogo está pegando, não dá para adiar”.
A atuação do Previncêndio, através da Semad e do IEF, somada a outras frentes voluntárias, como a Brigada 1, já conteve centenas de incêndios em unidades de conservação mineiras, nos últimos dois anos.
O Diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais e Eventos Críticos, Rodrigo Belo, da Semad, antecipa a situação do Previncêndio em 2017. “Já fizemos os calendários para deslocamento dos plantonistas que ficarão nas Salas de Situação e Operação. Eles ajudam aos funcionários das bases em Januária e Curvelo a monitorarem a situação das unidades de conservação. São usados, para isso, telefones, internet e TV’s com mapeamento”, conta Rodrigo e menciona que, para este ano, a logística com as aeronaves que ajudam a transportar brigadistas e equipamentos a locais onde o incêndio está acontecendo foi otimizada. “A perspectiva é de que o trabalho fique mais efetivo e de que o fogo seja contido com mais rapidez”.
Sobre os incêndios criminosos, Rodrigo lembra que a pena varia de 2 a 4 anos de cadeia. Quando realizado em unidades de conservação, o ato ainda recebe agravantes. O diretor ainda atenta que o cidadão pode ajudar: “ao perceber fogo, a pessoa deve acionar a Força tarefa Previncêndio pelo número 0800-2832323”.
Confira dicas de prevenção de incêndios em unidades de conservação ambiental – clique aqui.
Ação Comunitária Ambiental Previncêndio
Como forma de conscientizar a população acerca dos prejuízos ambientais dos incêndios criminosos, a Semad e o IEF contam com a Ação Comunitária Ambiental Previncêndio (ACAP), que é desenvolvida nas unidades de conservação estaduais, com vistas a reduzir os conflitos diversos existentes entre as comunidades e as áreas protegidas.
A iniciativa foi pensada sob o fato de que, boa parte das vezes, os incêndios são uma das formas de “manifestação” das comunidades, que externam na atitude sua insatisfação ou descontentamento com fatos diversos relacionados ao poder público.
A ideia é que cada Unidade de Conservação conte com uma ACAP que pode ser uma rodada de reuniões com proprietários e envolvidos com a unidade, uma assembleia, uma série de visitas a propriedades etc. As ACAP’s podem, ainda, utilizar de atrativos para que a participação das comunidades seja maior: palestras sobre apicultura, formas de plantio, sistemas agro-silvo-pastoris, sistemas ecológicos, empreendedorismo, cooperativismo.
Os aparatos da Previncêndio
A Semad mantém contrato de aluguel de aeronaves, sendo empregados até 10 aviões monoturbina modelos Air Tractor, com capacidade de lançamento de 1.500 a 3.000 litros de água. Ao todo, são três aeronaves com capacidade para 1.500 litros, cinco com capacidade para 2.200 litros e duas aeronaves com capacidade para 3.000 litros, que são empregadas no combate aos incêndios de acordo com a necessidade, distância de pistas de pouso, disponibilidade e eficiência em cada tipo/ local do incêndio.
O Previncêndio ainda é responsável por manter um importante contrato de fornecimento de alimentação para os cursos de formação, atividades preventivas envolvendo as comunidades do entorno das Unidades de Conservação e para as operações de combate, ainda em processo licitatório para este ano.
Para fortalecer o trabalho em campo, são fornecidos equipamentos de proteção individual e de combate a incêndios para os brigadistas contratados, para brigadistas voluntários conveniados com o Estado e para os funcionários do IEF, função compartilhada com a autarquia. Dentre estes equipamentos estão bombas e mochilas costais, abafadores, sopradores costais mecanizados e outros. Para a proteção individual, são fornecidos capacetes, óculos, luvas, botas, perneiras, roupas e mochilas de transporte especiais de materiais, cantis, apitos e capuzes de proteção térmica.
Fonte: Agência Minas
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