Por que podemos estar agravando a poluição por plástico nos oceanos ao lavar roupa

Por que podemos estar agravando a poluição por plástico nos oceanos ao lavar roupa
Os maiores vilões para os oceanos são poliéster, acrílico e nylon — Foto: Pixabay/Divulgação

Lavar a roupa pode agravar a poluição por plástico no meio ambiente – a depender do tipo de tecido, a tarefa doméstica contribuiria para a contaminação dos oceanos, apontam estudos.

A questão foi levantada no início deste mês em reunião do Comitê de Auditoria Ambiental da Câmara dos Comuns do Reino Unido, quando membros do Parlamento discutiram pesquisas que concluem que fibras de tecidos sintéticos que se soltam da roupa durante a lavagem acabam chegando aos oceanos e sendo comidas por peixes e outras criaturas aquáticas.

O principal tema da discussão foi a enorme indústria de fast fashion britânica, que estimularia o descarte de toneladas de roupas em boas condições todos os anos.

Quando lavadas, roupas feitas com tecidos sintéticos soltam pequenos fios que acabam se misturando à água – cerca de 700 mil fibras com menos de um milímetro de comprimento, em média, em uma única lavagem doméstica.

Os maiores vilões são poliéster, acrílico e náilon.

Um casaco de lã de poliéster libera 1 milhão de fibras, enquanto um par de meias de náilon é responsável por 136 mil fibras a cada lavagem, aponta um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Manchester.

Cientistas descobriram que essas fibras estão cobrindo leitos de rios em todo o Reino Unido.

No início do ano, pesquisadores também encontraram fibras, incluindo fios de roupas íntimas, em todas as amostras de mexilhões testadas em mares britânicos ou compradas em supermercados do Reino Unido.

Outro estudo, da Universidade de Exeter, identificou microfibras no ambiente alterando o comportamento dos animais.

O que podemos fazer

  • Lave a roupa a baixa temperatura. Temperaturas mais altas resultam em mais fibras sendo liberadas.
  • Encha a sua máquina com roupas sujas. Lavar uma carga completa resulta em menos fibras sendo liberadas, pois há menos atrito.
  • Prefira lavagens mais curtas – mais uma vez, isso reduz o atrito entre os tecidos.
  • Use sabão líquido em vez de sabão em pó. Os grãos do pó podem resultar no afrouxamento das fibras.
  • Opte por velocidades menores de centrifugação para reduzir as chances de soltar as fibras.
  • Evite usar detergentes com alto pH e agentes oxidantes. Alguns amaciantes também ajudam a reduzir o atrito.

Há sempre a opção de lavar roupa com menos frequência, o que pode ser uma boa desculpa para quem sempre odiou essa tarefa doméstica.

Isso teria um grande impacto positivo, na avaliação de Jeroen Dagevos, integrante de um projeto de conservação dos oceanos. Ele sugere ainda que comprar menos roupas sintéticas também ajuda. Preferir tecidos como lã, algodão, seda e caxemira também ajuda.

Outra opção, recomendada pelo Instituto de Engenheiros Mecânicos que, em um novo relatório, diz que o uso de sacolas de roupas de malha para reter os fios. Assim, em vez de irem direto para os oceanos, as fibras podem ser colocadas no lixo.

Também foram desenvolvidos filtros para tubos de descarte de máquinas de lavar roupa, que podem capturar pelo menos 80% das fibras antes que elas desapareçam pelo ralo.

Há ainda bolas à venda mercado, que afirmam “atrair” fibras para prendê-las, em vez de sair da máquina de lavar jogar fora a água suja.

O que a indústria pode fazer mais?

De acordo com Jeroen Dagevos, a indústria pode fazer muito mais para proteger os oceanos. Para ele, só agora estão percebendo o tamanho do problema. “É muito mais complexo de lidar”, diz, citando a questão das microbreads.

Os chamados microbreads são micropartículas encontradas em produtos como esfoliantes faciais, cremes dentais e gel de banho e já foram proibidos em países como o Reino Unido.

Aurelie Hulse, especialista no assunto, diz que os tecidos deveriam ser projetados para não soltarem microfibras quando fossem lavados.

A Ocean Clean Wash, uma campanha iniciada pela Plastic Soup Foundation, descobriu que mudar o design das fibras, como comprimento e densidade, pode afetar o número de lançamentos nos oceanos.

Jeroen Dagevos diz que criar novas regulamentações para os fabricantes poderia ajudar, forçando as empresas a colocar mais recursos na busca por soluções.

FONTE: G1

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