Pesquisadores lutam para preservar o jaborandi, e coleta de folhas é autorizada no sudeste do Pará

Pesquisadores lutam para preservar o jaborandi, e coleta de folhas é autorizada no sudeste do Pará
Planta tem propriedades medicinais que podem ajudar no tratamento do glaucoma, uma doença dos olhos. Cooperativa foi treinada para fazer extração sem prejudicar o futuro da espécie.
(Foto: Matéria Globo Rural)
 

Pesquisadores do Pará trabalham para preservar o jaborandi, planta que tem propriedades medicinais que podem ajudar no tratamento de uma doença dos olhos: o glaucoma.

Na Amazônia, a coleta das folhas se concentra no período mais seco do ano, que vai de maio a outubro. A caminhada dos folheiros, como também são chamados os coletores do jaborandi, começa bem cedo. São de 20 a 30 dias no meio da Floresta Nacional de Carajás, em Parauapebas, sudeste do Pará.

Eles acampam na unidade de conservação, criada em 1998. Ali se dá a maior concentração da planta no estado: são cerca de 9 mil hectares.

Hoje ninguém vive com medo da fiscalização. “Antes a gente trabalhava como clandestino, tirando folha de qualquer jeito, cortando de qualquer jeito, e hoje somos em 42 extrativistas organizados trabalhando na coleta”, diz Edilson Pereira.

Eles criaram uma cooperativa, receberam treinamento e autorização do Instituto Chico Mendes para extrair o jaborandi da floresta sem prejudicar o futuro da espécie.

Segundo Marcel Machado, chefe substituto da Flona de Carajás, é uma atividade que gera impacto, como qualquer atividade humana – porém, ele é mínimo se comparado a outras atividades como caça, pesca ou retirada de madeira.

Ameaça de extinção

O jaborandi tem propriedades medicinais e entra na composição de remédios e cosméticos. A procura pela planta vem crescendo no mercado, mas as áreas de extração estão diminuindo.

“Está na lista de espécies ameaçadas de extinção desde 1999 por causa da exploração da colheita da folha e também pela limitação da área de ocorrência”, diz a engenheira florestal Gracialda Ferreira.

Pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia, da Embrapa e do Instituto Tecnológico Vale trabalham para preservar o jaborandi.

As folhas da planta produzem uma substância chamada pilocarpina, usada para fabricar colírios que tratam o glaucoma. A doença leva à cegueira e afeta cerca de 1 milhão de pessoas no Brasil.

O objetivo é selecionar as sementes dessas plantas mais produtivas para cultivar o jaborandi em escala comercial em uma área degradada, dentro da Flona de Carajás. A pesquisa deve ser concluída em 2 anos.

“Mesmo dentro da mesma espécie tem plantas que produzem pouquinho e plantas que produzem muito. Agora, o porquê que elas fazem isso, tem fatores ambientais e fatores genéticos, e, se a gente controla os dois, você maximiza a produção de pilocarpina”, explica Guilherme Oliveira, biólogo molecular ITV.

FONTE: G1

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