Relatório da ONU indica que países do G20 não estão no caminho para cumprir promessas climáticas. Em 2017, as emissões de CO2 aumentaram depois de três anos de estagnação.
Para alcançar os objetivos do Acordo de Paris até 2030, os países do G20 devem triplicar seus esforços no controle das emissões de gases do efeito estufa, informa relatório da Organização das Nação Unidas (ONU) divulgado nesta terça-feira (27), uma semana antes da nova Conferência do Clima.
Ainda de acordo com o documento, apesar de os países não estarem no caminho para cumprir as promessas climáticas, ainda é possível alcançar a meta para limitar o aumento de temperatura a 2° C ou 1,5 ° C. Para isso, precisam implementar políticas adicionais para reduzir ainda mais suas emissões de gases de efeito estufa.
O Acordo de Paris foi assinado por 195 líderes mundiais em 2015 e prevê que países devem manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC.
Ainda segundo o relatório, sem mudanças, o aumento de temperatura pode chegar a 3° C até 2100.
Aumento nas emissões de gases
Em 2017, as emissões de CO2 aumentaram depois de três anos de estagnação. As emissões anuais totais de gases de efeito estufa (GEE), incluindo as mudanças no uso da terra, alcançaram um recorde de 53,5 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) em 2017, um aumento de 0,7 GtCO2e em comparação com 2016.
As emissões globais de GEE em 2030 precisam ser aproximadamente 25% e 55% mais baixas do que em 2017 para colocar o mundo em um caminho para limitar o aquecimento global.
Em 2018, as emissões globais de dióxido de carbono devem subir novamente, segundo a Agência Internacional de Energia e o Global Carbon Project, que divulgarão os dados oficialmente na próxima semana.
O que pode ser feito
O documento apresenta ainda dois tópicos que considera cruciais para uma política de emissão zero de gases do efeito estufa:
- Políticas fiscais que permitam resultados sem impactos sociais e econômicos
- Políticas de inovação e criação de mercados que usem tecnologias que permitam baixa emissão de gases
Segundo a ONU, a reforma da política fiscal pode desempenhar um papel fundamental na criação de fortes incentivos para investimentos de baixo carbono e na redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE).
“As receitas da precificação de carbono podem ser usadas para reduzir outros impostos, aumentar os gastos com questões sociais e / ou compensar as famílias de baixa renda. Pacotes de reforma fiscal bem concebidos podem reduzir os custos de mitigação de emissões, tornando assim essas reformas fiscais mais socialmente aceitáveis. O uso de precificação de carbono para reduzir as emissões de GEE ainda está emergindo em muitos países e geralmente não é aplicado em um nível suficiente para facilitar uma mudança real para sociedades de baixo carbono”, diz trecho do relatório.
Metas não-cumpridas pelos países
Atualmente, os países do G20 não estão no caminho para cumprir suas metas até 2030. Cerca de metade dos membros não alcançaram suas metas incondicionais (Argentina, Austrália, Canadá, União Europeia, República da Coréia, Arábia Saudita, África do Sul e Estados Unidos).
O Brasil, a China e o Japão estão a caminho de cumprir suas metas nacionais sob as políticas atuais, enquanto as emissões sob as políticas atuais de três países adicionais (Índia, Rússia e Turquia) são projetadas para ser mais de 10% abaixo de sua meta incondicional.
Os membros do G20 precisarão implementar políticas adicionais para reduzir ainda mais suas emissões anuais de gases de efeito estufa em cerca de 2,5 GtCO2e para alcançar suas metas nacionais e cerca de 3,5 GtCO2e para alcançar suas metas condicionais até 2030. Essas reduções adicionais necessárias diminuíram em aproximadamente 1 GtCO2e em 2017 devido a menores projeções de emissões sob as atuais políticas na China, na União Europeia e nos Estados Unidos.
O pico global de emissões de gases do efeito estufa (GEE) é determinado pelas emissões agregadas de todos os países. Embora tenha havido um progresso constante no número de países que atingiram o pico de suas emissões de GEE ou se comprometeram a fazê-lo no futuro, o número não é grande o suficiente para permitir que as emissões mundiais atinjam o pico no curto prazo. Apenas 49 países já o fizeram e representam apenas 36% de participação global de emissões.