ONU debate problemas de saneamento no Brasil e no mundo

ONU debate problemas de saneamento no Brasil e no mundo

A demanda mundial por água tem aumentado, em média, 1% ao ano, principalmente nos países emergentes. No futuro, as mudanças do clima ameaçam deixar 3,6 bilhões de pessoas em situação de escassez de água. Para debater os problemas globais e nacionais no uso de recursos hídricos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) promoveu na quinta-feira (1º), em Brasília, um seminário sobre o tema

A demanda mundial por água tem aumentado, em média, 1% ao ano, principalmente nos países emergentes. No futuro, as mudanças do clima ameaçam deixar 3,6 bilhões de pessoas em situação de escassez de água. Para debater os problemas globais e nacionais no uso de recursos hídricos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) promoveu na quinta-feira (1º), em Brasília, o seminário “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os Desafios para a Gestão da Água e do Saneamento no Brasil”.

“A maior parte das atividades humanas que usam água produzem águas residuais, mas o planejamento e a gestão do reuso ainda é pouco explorado. Um estudo recente da UNESCO mostra que 70% das águas residuais urbanas e industriais, em média, são tratadas nos países de renda alta. Essa proporção cai para 38% nos países de renda média-alta, para 28% nos países de renda média-baixa e para apenas 8% nos de renda baixa”, alertou o representante do PNUD no Brasil, Niky Fabiancic.

Também presente, o secretário nacional de Articulação Social da Secretaria de Governo da Presidência da República, Henrique Villa da Costa Ferreira, lembrou que “pouco menos de 60% da população brasileira tem acesso ao esgotamento sanitário”.

Marcelo Lelis, gerente de projetos da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades (MCid), explicou algumas das metas do governo para 2030 — ano em que termina o prazo para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, os ODS. Na agenda da ONU, o ODS de nº 6 aborda exclusivamente o tema água e saneamento, com metas sobre a promoção do acesso a água limpa e tratamento.

“Quando olhamos as áreas urbanas, hoje nós temos mais de 82% dos domicílios servidos por rede coletora ou fossa. Em 2030, queremos chegar a 100% de domicílios atendidos. Na área rural, hoje só 35% da população é atendida. Queremos chegar a 70% em 2030″, disse.

Na avaliação de Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, é necessária uma mudança na gestão e no compartilhamento de responsabilidades. “O Governo Federal precisa encontrar uma saída técnica para apoiar os municípios. Se a gente olhar para o interior do Brasil, os prefeitos não têm a menor ideia de como sair da situação em que eles estão. As empresas estaduais não têm condições de tratar 1,2 mil cidades pequenininhas com o recurso que eles recebem das capitais.”

Com especialistas brasileiros e estrangeiros, gestores públicos e representantes do setor privado, do terceiro setor e da sociedade civil, o seminário foi dividido em quatro painéis temáticos: acesso à água potável e ao esgotamento sanitário; qualidade da água, proteção e restauração de ecossistemas; eficiência do uso da água; e gestão integrada de recursos hídricos e participação da sociedade.

Planejamento e proteção de ecossistemas

Em mesa sobre a conservação da natureza e a disponibilidade de recursos hídricos, especialistas defenderam a proteção dos ecossistemas para a preservação do ciclo da água.

“O Cerrado é a grande caixa d’água do país, as grandes bacias do Brasil nascem aqui, mas ele também é um dos biomas mais ameaçados. Redução dos riscos de desastres ambientais, como deslizamentos de encostas, enchentes e secas, são de fundamental importância para a manutenção dos recursos hídricos no Brasil”, defendeu o professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília, Bráulio Ferreira.

O Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) foi representado pela presidente, Luciane Teixeira Martins, que lembrou a tragédia do rompimento da barragem de Mariana, em 2015. “Isso virou a discussão principal quando se fala da qualidade da água em Minas. Hoje, embora todos os laudos das empresas mostrem que a água do Rio Doce está dentro dos padrões, muitos ainda se negam a consumir”, disse.

A capacitação dos gestores públicos municipais na área de saneamento foi outro ponto abordado pela especialista. A instituição sob seu comando auxilia as cidades da Bacia do Rio Doce na elaboração de planos de saneamento. “Hoje, 156 municípios da região já têm plano de saneamento básico, faltam mais oito”, afirmou Luciane.

O seminário foi organizado pela Agência Nacional de Águas (ANA), pelo PNUD, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), organismo vinculado ao PNUD.

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