O mapa em 3D que mostra com precisão os pontos altos e baixos da superfície da Terra

O mapa em 3D que mostra com precisão os pontos altos e baixos da superfície da Terra

Representação gráfica, divulgada pela agência espacial alemã, exibe as variações de altitude ao longo de mais de 148 milhões de km².

 

O mapa mostra variações de altitude na superfície terrestre ao longo de mais de 148 milhões de km² — Foto: DLR/BBC

 

A DLR, agência espacial alemã, acaba de divulgar um mapa em 3D que mostra a superfície da Terra de forma inédita.

A representação gráfica foi elaborada a partir de imagens captadas por dois satélites de monitoramento, que traçaram as variações topográficas ao longo de mais de 148 milhões de km².

A agência disponibilizou o mapa gratuitamente para qualquer cientista que queira utilizá-lo.

Suas aplicações são diversas: da previsão do curso da água durante enchentes ao planejamento de grandes projetos de infraestrutura.

Como o mapa foi criado?

Os satélites usados no projeto se chamam TerraSAR-X e TanDEM-X.

Como todos os satélites de monitoramento, eles enviam impulsos de micro-ondas para a superfície do planeta e medem o tempo que leva para esses sinais retornarem ao satélite.

Quanto menor o intervalo, maior a altitude do terreno.

Os satélites orbitam quase lado a lado a cerca de 500 quilômetros da superfície da Terra — Foto: DLR/BBC
Os satélites orbitam quase lado a lado a cerca de 500 quilômetros da superfície da Terra — Foto: DLR/BBC

 

O TerraSAR-X e o TanDEM-X orbitam praticamente lado a lado e às vezes se encontram a apenas 200 metros de distância.

O trabalho conjunto requer uma coordenação complexa, mas significa que ambos os satélites têm uma “visão estereoscópica”.

Isso quer dizer que eles operam de forma interferométrica – um funciona como um transmissor/receptor e o outro como um segundo receptor.

Tibet, na cordilheira dos Himalaias. As cores do mapa representam as elevações: vermelho (mais alto) e azul (mais baixo) — Foto: DLR/BBC
Tibet, na cordilheira dos Himalaias. As cores do mapa representam as elevações: vermelho (mais alto) e azul (mais baixo) — Foto: DLR/BBC

Quão preciso é o mapa?

A resolução do Modelo Digital de Elevação (DEM, na sigla em inglês) é de 90 metros. Em outras palavras, a superfície da terra foi dividida em quadrados com lados de 90 metros.

Nestes quadrados, a precisão absoluta da dimensão vertical é de um metro, o que torna o DEM um poderoso mecanismo para representar variações de terreno.

Existem modelos com resolução maior para representações em escala regional, mas o novo mapa supera todos os outros mapas globais de acesso gratuito disponíveis.

Deserto do Saara, onde se vê parte da província de Tamanrasset, na região central da Argélia — Foto: DLR/BBC
Deserto do Saara, onde se vê parte da província de Tamanrasset, na região central da Argélia — Foto: DLR/BBC

Quais são os próximos passos?

A agência espacial alemã tem outras versões do mapa com resoluções de 30 e 12 metros, mas por enquanto há restrições comerciais.

Enquanto isso, os satélites TerraSAR-X e TanDEM-X continuam sua missão de mapeamento.

Ter um DEM estático é um grande avanço, mas a superfície da Terra muda constantemente e isso também deve ser capturado.

Os dois satélites são muito antigos. O TerraSAR-X foi lançado em 2007 e o TanDEM-X, em 2010.

A DLR espera que os satélites continuem em operação por vários anos, mas os planos para substituí-los estão avançados.

Os Apalaches, no estado da Pensilvânia, nos EUA — Foto: DLR/BBC
Os Apalaches, no estado da Pensilvânia, nos EUA — Foto: DLR/BBC

‘Vamos penetrar nas florestas’

A futura missão será diferente da atual porque os instrumentos de radar não vão operar na banda X, mas na banda L, faixa de frequência com um comprimento de onda maior.

Isso facilitará diferentes tipos de aplicações.

“Nas florestas, por exemplo, com a banda X só é possível capturar as copas das árvores”, explica à BBC Manfred Zink, do Instituto de Micro-ondas e Radares da agência espacial alemã.

“Você não consegue penetrar nessa copa e ver debaixo das folhas. Mas, na banda L, vamos penetrar nas florestas até chegarmos ao solo. E isso nos permitirá ver o volume da vegetação em 3D e realizar uma ‘tomografia’.”

“Vamos conseguir ver a estrutura vertical completa da floresta, que é fundamental para uma estimativa precisa da biomassa”, completa.

Glaciares às margens do Mar de Weddell na península da Antártida — Foto: DLR/BBC
Glaciares às margens do Mar de Weddell na península da Antártida — Foto: DLR/BBC

A quantidade exata de carbono armazenado nas florestas do mundo não é conhecida, mas sabemos que é vital para os estudos sobre mudança climática.

Outra aplicação das observações na banda L é calcular melhor as deformações do solo durante um terremoto.

Os cientistas já estimam essas mudanças com satélites de monitoramento que funcionam em outros comprimentos de onda, mas suas observações podem ser difíceis de interpretar quando há muita vegetação.

O novo sistema, que vai se chamar TanDEM-L, tentará superar essas dificuldades.

FONTE: G1

Deixe um comentário

Enviar um comentário