Ações preveem retirada de 520 mil metros cúbicos de sedimentos até 2022. Meta é que a lagoa siga apta para esportes náuticos e pesca
João Henrique do Vale
A limpeza da Lagoa da Pampulha é um dos desafios dos administradores municipais de Belo Horizonte. Os trabalhos realizados em um dos cartões-postais da capital mineira vêm finalmente dando resultado nos últimos anos. Em dezembro de 2016, a qualidade da água atingiu a chamada Classe 3, que, segundo resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), permite, entre outras coisas, a pesca amadora e o contato secundário pelo ser humano em atividades como canoagem, remo ou passeios de barco. Mas, para isso, as atividades têm de ser regulamentadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Enquanto essa fase não ocorre, uma nova ação projeta a retirada de aproximadamente 130 mil metros cúbicos por ano de sedimentos e terra do fundo do manancial até 2022.
A licitação já está em curso e a previsão é de que o contrato seja assinado ainda neste mês. As intervenções, que têm como meta evitar o assoreamento, devem começar no primeiro semestre e durariam quatro anos. O investimento será da ordem de R$ 70 milhões.
O mesmo tipo de serviço foi feito entre 2013 e 2014. Na ocasião, foram retirados 850 mil metros cúbicos de terra e sedimentos. “Foi um passivo que foi equacionado. Mas, para que não se instale na mesma proporção, é importante deixar livre do acúmulo de terra e detritos. Estamos assegurando isso com esse contrato que vamos assinar em breve, Depois, teremos um novo processo licitatório. Nossa expectativa é que esse acúmulo seja cada vez menor. Porém, a ação é necessária e será permanente”, afirma Ricardo Aroeira, diretor de gestão de águas urbanas da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura.
As medidas fazem parte de um pacote de ações na lagoa. A primeira etapa foi a recuperação da qualidade da água e teve duração de 10 meses, com o término em dezembro de 2016. Com R$ 30 milhões investidos houve aplicação de duas tecnologias distintas e complementares. Uma destinada à degradação de matéria orgânica e à desinfecção (redução da presença de coliformes fecais), e a outra desenvolvida especificamente para reduzir as concentrações de fósforo e controlar a floração de algas. O primeiro objetivo, de chegar à Classe 3, foi atingido. Agora, a segunda fase, que se encontra em andamento, é a manutenção deste patamar.
O contrato com a empresa Consórcio Pampulha Viva, que realiza este trabalho, se encerra neste mês. A Prefeitura de Belo Horizonte se apressa para evitar a interrupção das ações. “Estamos cuidando de acertar a continuidade do serviço. Estamos avaliando de que forma o contrato será feito, entre outras coisas. Avaliamos que não vai ser paralisado”, prevê Aroeira.
Para o diretor de gestão de águas urbanas, ainda há desafios para a limpeza. “Existe aporte residual de esgotos na lagoa. Hoje, a Copasa atesta que 95% da população tem infraestrutura de esgotamento sanitário, mas temos um aporte de 5% que não estão atendidos ou que têm ligações clandestinas. Então, o trabalho continua até que atinja a universalização deste serviço”, afirmou. Outras ações estão programadas para manter a classificação de qualidade da água da Pampulha, segundo Aroeira, como obras de infraestrutura de esgotamento sanitários.
Aroeira ressalta que a melhora na qualidade da água já trouxe uma sobrevida ao local. “Felizmente, não ouvimos mais falar em mortandade de peixes. No passado, eram toneladas retiradas, porque a qualidade da água era ruim. Agora, a lagoa está mais resiliente, responde mais rápido às agressões provocadas pela poluição”, diz.
Fonte: Estado de Minas
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