Área impactada entre Barragem B1 e Rio Paraopeba chega 290 hectares
O Governo de Minas continua monitorando o avanço dos rejeitos que vazaram da Barragem B1, da Mineradora Vale, localizada em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Dados apurados nesta terça-feira, 29 de janeiro, mostram que a lama seguiu pelo Ribeirão Ferro-Carvão,?até desaguar no Rio Paraopeba, depois de percorrer cerca de 9 km. Nesse trajeto, o material se espalhou por uma área de aproximadamente 290 hectares, o que equivale a cerca de 300 campos de futebol. Depois, a lama passou a seguir a calha do Rio Paraopeba.
Além da área administrativa da mineradora, foram diretamente atingidos bairros e comunidades próximas, pousadas,?áreas de cultivo, pastagens, além de estradas e vias rurais (ver mapas).
Analistas da Semad fazem o monitoramento da área atingida por meio da análise de imagens de satélite. Todos os órgãos ambientais que integram o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) – Semad, Feam, Igam e IEF – trabalham para mapear a extensão do dano à fauna, à flora, aos recursos hídricos e a ecossistemas em geral.
FAUNA E FLORA
O trabalho de resgate da fauna impactada pela lama da Barragem B1 teve início logo após o acidente, quando o Instituto Estadual de Florestas (IEF) providenciou o deslocamento de sua equipe técnica para a área do desastre. Esta equipe atua desde as primeiras horas de sábado (26/1), articulada com entidades dos governos Estadual e Federal. Na ocasião, já foram determinadas medidas emergenciais relativas ao resgate da fauna silvestre terrestre e aquática.
Os resgates estão sendo feitos pela Mineradora Vale – conforme determinação prevista em um dos quatro autos de fiscalização lavrados pelo Sisema. O trabalho tem acompanhamento do IEF.
O IEF tem feito a identificação da área de vegetação suprimida, que está prioritariamente inserida no Bioma Mata Atlântica. Também foi iniciado o dimensionamento da quantidade de vegetação afetada, por meio de imagens de satélite. As informações vão compor um diagnóstico que será usado como parâmetro para as ações de reparação de dano, posteriormente cobradas da mineradora.
MONITORAMENTO DA ÁGUA
Outra importante ação desenvolvida pelo Governo do Estado é o monitoramento da qualidade da água e dos sedimentos no Rio Paraopeba e seus afluentes. A análise está sendo feita em 47 pontos. São 18 estações de monitoramento já existentes e outras 29 emergenciais, geridas em um esforço conjunto do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e da Agência Nacional de Águas (ANA).
As análises vão subsidiar a elaboração de boletins que serão divulgados diariamente. O monitoramento contemplará parâmetros básicos de qualidade de água (temperatura, oxigênio dissolvido, turbidez e pH), entre outros. A extensão do monitoramento é do local do acidente, percorrendo o Rio Paraopeba à jusante, até o reservatório da Usina Hidrelétrica Três Marias.
Os dados históricos de monitoramento do Igam no Rio Paraopeba apontam para valores médios de turbidez de 84,25 NTU (série histórica do IGAM de 1997 a 2018), cerca de 20 km a jusante do desastre.
A turbidez é?uma medida que identifica a presença de partículas sólidas em suspensão na água, como argila e matéria orgânica, que interferem na propagação da luz na água.
REDUÇÃO DE TURBIDEZ
O Igam tem realizado medições na estação localizada à jusante do município de Brumadinho e mostram que, no sábado (26/01), o valor de turbidez foi igual a 34.500 NTU. Na segunda-feira (28/01), o valor passou para 3.826 NTU. Ambos os resultados apontam uma queda significativa dos valores da turbidez.
Análises realizadas pela Copasa apontam redução no índice de turbidez da água, no local de sua captação, a 19km do local do acidente. Já no sábado, (26/01), às 8h, o índice registrado foi de 63.700 NTU, às 16h30 de segunda-feira, (28/01), o valor apurado foi de 7.200 NTU.
Até o momento, não foi possível ao Igam coletar amostras de água no Ribeirão Ferro Carvão (diretamente afetado pelo rompimento das barragens) devido ao volume de rejeitos e, também, pela dificuldade de acesso e questões de segurança.
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