Há quase 10 anos – mais precisamente, em 21 de setembro de 2009, quando também é comemorado o Dia da Árvore – foi criado o Monumento Natural Estadual de Itatiaia (MNEI), uma Unidade de Conservação de Proteção Integral de 3.216 hectares e grande beleza cênica, no coração da Estrada Real, entre os municípios de Ouro Branco e Ouro Preto, em Minas Gerais.
A sede do MNEI está localizada em uma antiga escola no Povoado de Itatiaia, que também abriga riquezas históricas, arquitetônicas e arqueológicas, como a igreja de Santo Antônio, o Moinho de Pedra e ruínas do século 18; ou naturais, como a Serra do Bico de Pedra e Serra de Itatiaia, formada por campos rupestres que compõem a Reserva da Biosfera do Espinhaço. É possível citar ainda inúmeras nascentes, cachoeiras e importantes espécies da flora e da fauna, algumas endêmicas, outras ameaçadas de extinção ou vulneráveis, além de um interessante projeto de grafite, realizado pelo Instituto Amado, que decora as casas locais.
Toda esta riqueza natural, cultural e histórica é cuidada por uma equipe fixa, composta por uma gerente, uma monitora ambiental e dois agentes de parques. Em períodos mais delicados, como o mês de julho, o time é reforçado por brigadistas temporários, que participam de todos os processos da gestão do território e do combate a incêndios florestais. “Este ano, felizmente, todos os brigadistas contratados são moradores das comunidades vizinhas, sendo três de Itatiaia e um de Lavras Novas, o que reafirma o papel social da Unidade de Conservação na geração de renda para as populações locais”, afirma a bióloga e gestora do Monumento Natural do Itatiaia, Natália Rust.
Ela conta que, desde que assumiu o Monumento, em 2016, já conseguiu implementar algumas melhorias, dando continuidade ao trabalho dos antigos gestores. Entre essas conquistas estão a aprovação do Plano de Manejo, Formação do Conselho Consultivo, instalação de internet e telefonia na sede do MNEI e aumento do repasse do ICMS Ecológico para os municípios. “Neste período conseguimos também viabilizar pelos menos seis cursos em parceria com o Senar, visando capacitar a equipe, bem como membros das comunidades vizinhas”, afirma.
Embora haja grande potencial turístico na região, o MNEI também sofre com impactos negativos da ação antrópica, de acordo com a bióloga. “É comum, durante as rotinas de monitoramento, que a equipe se depare com vestígios de garimpo, de caça, de extração de madeiras e areia. Numa tentativa de informar e conscientizar a população local e de visitantes, a equipe do Monumento juntamente, com os brigadistas, se mobilizou para confecção de placas, que foram instaladas em diversas áreas do Monumento”, explica.
A gestora relembra que a jornada até a efetiva produção das placas foi longa. “A história começou em 2016, quando fizemos um curso de sinalização no Parque do Itacolomi, ministrado pela Clarice Silva, então, gerente do Parque Serra do Papagaio. A partir daí, começamos a ter o interesse em sinalizar”, recorda.
Conquista
Apesar da demanda, foi necessário fazer um preparo para atuar na confecção das placas. “O primeiro passo foi capacitar os funcionários e brigadistas para utilizar a motosserra. Fizemos uma parceria com o Senar Minas (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de Minas Gerais), que realizou dois cursos: operação de motosserra e desdobramento da madeira – tirar as chapas e fazer as pranchas. Utilizamos toras de eucaliptos que foram doadas por um parceiro”, explica.
O desafio seguinte, segundo a bióloga, foi conseguir os EPI (equipamentos de segurança individual) necessários para a operação adequada e segura da motosserra, que foram cedidos pela empresa MGS, contratante dos funcionários.
A situação começou a mudar em 2018, quando a equipe foi ampliada com a chegada de quatro brigadistas. “Felizmente, o período crítico de incêndios este ano está mais tranquilo, tivemos apenas três pequenas ocorrências. Dessa forma, foi possível direcionar os brigadistas para nos auxiliarem na produção das placas”, comenta a gestora.
Com a mão de obra disponível e as madeiras cortadas, era chegada a hora de colocar o antigo projeto em prática. “Foi feito um mutirão, cada integrante da equipe contribuiu de alguma forma, com equipamentos e materiais. A produção das mais de 20 placas durou cerca de três semanas”, afirma Rust.
As placas foram distribuídas estrategicamente nas áreas mais vulneráveis do Itatiaia. Foram feitos seis tipos de sinalizações: alertando para o risco de incêndio, para a proteção dos campos rupestres, para a restrição de entrada de motoqueiros/trilheiros, para a proibição de caça, para a proteção da fauna e recolhimento do lixo gerado no Monumento Natural do Itatiaia. “Tentamos conscientizar as pessoas por meio dessas placas, sobre as riquezas encontradas do MNEI, e também sobres os impactos gerados, informando o que é desejável e permitido dentro da UC, e também sobre o que não é permitido fazer no interior do Monumento”, aponta Natália.
A gestora garante que a iniciativa representa uma vitória, mas a demanda pela sinalização ainda persiste. “A expectativa é que, a partir do momento em que as pessoas vejam a sinalização, elas passem a conhecer as restrições e reflitam sobre a preservação ambiental, evitando os impactos negativos. Mas ainda há muito a ser feito. Faltam, por exemplo, placas para todos os atrativos turísticos, como mirantes e cachoeiras, bem como para restringir a extração de areia e o garimpo. Aproveito a oportunidade para convidar a todos a visitarem este espaço”, afirma.
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