Minas recorrerá à expertise chinesa para aproveitar rejeitos

Minas recorrerá à expertise chinesa para aproveitar rejeitos

Objetivo é fomentar novos usos, inclusive para a construção civil

Faltam tecnologias para transformar o rejeito em produto/Eric Gonçalves

Mara Bianchetti

O governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), quer incentivar a conversão de rejeitos da extração de minério de ferro em produtos para a construção civil. A medida, já adotada por mineradoras chinesas, diminuiria a necessidade da construção de barragens, como a de Fundão, da Mineradora Samarco, que se rompeu em 2015, no distrito de Bento Rodrigues, na região Central.

De acordo com o secretário Germano Luiz Gomes Vieira, a ação integra a legislação aprovada pelo Estado em 2016, estabelecendo o poder público como responsável por fomentar alternativas à disposição de rejeitos em barragens, e não pela segurança das estruturas.

Segundo ele, o processo teve início com visitas à Holanda, visando à troca de experiência entre as empresas daquele país e as brasileiras no que diz respeito à segurança deste tipo de empreendimento. Logo em seguida, em janeiro último, foi realizado o primeiro Seminário Internacional de Segurança em Barragens, em Belo Horizonte, com a presença de autoridades, empresários e comunidade científica de ambos os países.

“Foi então que a própria China se interessou pela questão e nos convidou para uma visita aos órgãos públicos e a algumas empresas asiáticas, uma vez que eles estão bastante avançados em tecnologias e segurança pública em aproveitamento de rejeitos”, disse.

Ainda conforme Vieira, as mineradoras atuantes em Minas Gerais e no Brasil utilizam outras metodologias para a diminuição da existência de barragens, tais como, filtragem do rejeito, empilhamento a seco, separador magnético, remineração e processo de backfield (aproveitando as cavas já utilizadas para reposição dos rejeitos). No entanto, as empresas ainda precisam avançar no que diz respeito às tecnologias para conversão em produtos.
“É neste quesito que entra a expertise chinesa, pois além de consumirem mais da metade do minério extraído pelas mineradoras, as empresas e o governo chinês também serão corresponsáveis pelo reaproveitamento dos rejeitos”, explicou.

Por isso, a Semad deseja estreitar as relações entre os países e adotar a tecnologia no Estado. Para isso, já foram iniciados estudos e contatos com os setores extrativo mineral e da construção civil. “Nosso minério tem um teor de ferro mais elevado que o chinês, então, a quantidade de rejeitos gerados é menor. O que desejamos, neste caso, é ganhar escala. Temos potencial para isso”, completou.

Discussão técnica – Com esse objetivo, já está agendado para o segundo semestre um novo seminário, desta vez, com os setores envolvidos, visando a uma discussão técnica e regulamentadora. A aposta do secretário é que será uma grande oportunidade de novos negócios.

“A sociedade tem demandado uma postura diferenciada em relação aos rejeitos da mineração. Além disso, a união dos setores poderá ajudar a solucionar alguns problemas sociais. Mas, para isso, precisamos de normas técnicas adequadas; do interesse das empresas; e de uma política fiscal governamental que incentive estas alternativas”, detalhou.

Assim, há intenção de o governo mineiro criar um decreto que exonere parte das taxas minerárias para as empresas que adotarem alternativas a disposição do rejeito em barragens.

Fonte: Diário do Comércio

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