Mariana, três anos depois

Mariana, três anos depois

Reconstrução de áreas atingidas por resíduos de mineração da Samarco após desastre ambiental mostra que ainda há muitos rejeitos no solo. Projetos incluem restabelecer comunidades, restauro e recuperação da natureza.

Como a lama deixou. Três anos depois da onda de rejeitos ter atingido o distrito de Paracatu de Baixo, a 35km do centro de Mariana, o que restou das construções continua com a marca da lama. Por ordem do Ministério Público, nada pode ser demolido. A comunidade decidirá o futuro do local. O projeto para o novo assentamento, que será construído num terreno a 3km da Paracatu original, foi aprovado pelos moradores.
Convivência diária com a tragédia. A casa que Roberto de Paula, 62 anos, construía em Paracatu de Baixo foi completamente destruída pelos rejeitos. O ajudante de caminhão passa os dias na casa do irmão, uma das poucas poupadas na catástrofe. Cadastrado como um dos atingidos, ele recebe auxílio da Samarco pela Fundação Renova, que aluga uma moradia temporária no centro de Mariana. 140 famílias de Paracatu de Baixo vivem o mesmo.
Restauro detalhado. A Reserva Técnica, em Mariana, abriga 2352 peças salvas do desastre. Os objetos representam a memória histórica, cultural e artística das comunidades. Estavam nas capelas de São Bento e Nossa Senhora das Mercês (Bento Rodrigues), Santo Antônio (Paracatu de Baixo) e Nossa Senhora da Conceição (Gesteira, Barra Longa). O trabalho usa técnicas da arqueologia e é um dos 42 programas da Fundação Renova.
Alarmes em Gualaxo do Norte. Depois do colapso de Fundão, a onda de rejeitos percorreu 77km, passando por cursos como o do rio Gualaxo do Norte (foto) até alcançar o Doce. A água da chuva que cai no terreno carrega os rejeitos do ambiente para o rio, que muda de cor. Depois do desastre, 22 estações automáticas foram instaladas e enviam dados sobre a qualidade da água a cada hora. Alarmes também operam para nova emergência.
Plantando sobre os rejeitos. No trecho 8, que inclui uma parte do terreno da Samarco, há um projeto-piloto de plantio sobre o rejeito. Sebastião Venâncio Martins, professor da Universidade Federal de Viçosa, mostra uma muda de ingá. O plantio requer covas de 40cm de profundidade, que acolhem a planta e um hidrogel, que acumula água e nutrientes. A floresta ao redor foi fundamental para as mudas vencerem os rejeitos no solo.
Limpando a lama. Aprovado há um ano, o Plano de Manejo de Rejeitos foi dividido em 17 trechos. Para o trecho 8 (foto), há duas propostas: remoção do rejeito por dragagem e tratamento da água, explica Pedro Ivo, engenheiro da Fundação Renova. Obras emergenciais nas margens tentam impedir que os resíduos que ficaram no solo cheguem ao rio. Há pontos do Gualaxo do Norte que acumulam até 3m de rejeitos no fundo.

Fonte: DW

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