Moradores estão divididos quanto à instalação de hidrômetros e ao tratamento de esgoto pela Copasa
A Comissão de Meio Ambiente se reuniu com moradores do bairro Casa Branca em Brumadinho na noite desta quinta-feira (3) – Foto: Daniel Protzner
A criação de uma comissão de representantes locais para montar um plano de trabalho foi proposta como solução para o impasse entre a população de Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). O grupo de trabalho foi proposto pela deputada Marília Campos (PT), autora do requerimento para a realização da reunião da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na noite desta quinta-feira (3/5/18) em Casa Branca.
A população do bairro está dividida quanto à instalação de hidrômetros e do serviço de esgotamento sanitário pela Copasa. Os membros do grupo foram eleitos ao final da reunião e a deputada disse que irá acompanhar as reuniões.
O diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Thomaz Perilli, reforçou que a empresa tem obrigações sociais com o município e já está assumindo alguns distritos e localidades, colocando a rede de água e esgoto dentro dos padrões exigidos.
A empresa também está auxiliando a prefeitura no abastecimento com caminhões-pipa. “Mas esse serviço é emergencial e muito ruim. Para chegarmos aqui e cumprirmos o pactuado com a prefeitura, precisamos que a população queira. Vocês precisam sentir a necessidade da presença da Copasa. A rede de esgoto aumenta a tarifa e infelizmente muitos são resistentes a isso”, explicou.
O secretário municipal adjunto de Obras de Brumadinho, Leandro Gilmar Rezende, reforçou que a prefeitura tem interesse na resolução dos problemas de abastecimento de alguns bairros, mas, para isso, as pessoas precisam aceitar a Copasa no município.
“Penso que eles são os melhores para lidar com essa questão. A água tem sido muito mal administrada pelos condomínios. Se a Copasa chegar lá, isso vai acabar. A comunidade precisa entender que no futuro, inevitavelmente, faltará água e a Copasa tratará também o esgoto, deixando para trás as fossas sépticas”, reforçou.
Colapso – O vereador Flávio Miranda Carvalho explicou que a captação de água em Brumadinho foi feita a partir de 12 nascentes na região há mais de 30 anos e permanece a mesma, mesmo com o crescimento da população. “No período de seca tem um colapso: a parte de baixo da cidade se mantém abastecida e a de cima fica seca. O hidrômetro seria a melhor forma de todos terem água e evitar o desperdício”, ponderou.
Carvalho relatou também que em algumas regiões da cidade são frequentemente flagrados desperdícios, como o esvaziamento frequente de piscinas e gramados sendo regados “até na época de chuva”.
“A Copasa já está com o contrato instalado, já deveríamos ter hidrômetros. Em alguns bairros se tem água e eles fazem a própria administração das fontes deles. Mas em outros, os poços artesianos não dão conta das demandas das famílias e os caminhões-pipa precisam suprir essa necessidade de água”, afirmou.
O vereador Max Barrão discordou da opinião do colega parlamentar. “Eu penso que deveríamos distribuir da melhor forma possível esse recurso que temos. Isso seria melhor do que trazer a Copasa para cá. Se não conservarmos esse bem nosso, o problema da água será mundial”, enfatizou.
Moradores relatam problemas de abastecimento
Representando a Associação de Moradores de Casa Branca, Marilene Ramalho dos Santos relatou que bairros como Parque das Águas, Jardim Casa Branca e o Bairro da Ponte, na região central da cidade, vivem com água administrada pela prefeitura e sofrem com problemas de abastecimento. Já bairros como Recanto da Aldeia e Jangada têm administração própria de suas fontes. “Pousadas, restaurantes, sitiantes: todos usam a mesma rede. Brumadinho é rica em água, mas ela é mal administrada. No meu bairro, vivemos uma humilhação. As crianças às vezes faltam à aula por não poderem tomar banho”, reclamou.
A moradora Maíra do Nascimento acredita que a própria população pode gerir a água. Já o representante da Associação de Moradores do Parque das Águas, Enio Ferreira, falou sobre a dificuldade de se fazer essa gestão. “Eu era o responsável, desisti e saí”, relatou. O morador Fausto Marques pediu à prefeitura a tubulação necessária. “Mas, caso isso não seja possível, não me importo de pagar, desde que tenhamos água para usar”, completou.
Parceria – O diretor Rômulo Perilli disse que a Copasa possui tecnologia e diversas possibilidades para estabelecer o abastecimento de água e o tratamento do esgoto. “A comunidade como um todo tem de trabalhar junto com a Copasa para a resolução desses problemas”, frisou. Ele incluiu nessa parceria a proteção de mananciais e matas ciliares. “Trabalhamos com especialistas em meio ambiente, mas podemos fazer da forma como vocês preferirem”, disse.
Por fim, ele explicou que clientes da Copasa cadastrados na tarifa social pagam um preço mais acessível pelo fornecimento de água e pelo tratamento de esgoto. “A agência reguladora (Arsae-MG), a pedido de vocês, pode analisar e verificar se essa tarifa é possível ou não”, completou.
Consulte o resultado da reunião.
Deixe um comentário