Especialistas apontam que lago formado em barragem indica sinal de saturação. Vale diz que não houve aumento no nível de água.
A força-tarefa que investiga o desastre da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, afirmou nesta terça-feira (5) que os equipamentos de segurança indicavam sinais de alteração no volume de água no corpo da barragem.
Uma foto de satélite, feita antes do rompimento, mostra um dos detalhes que chamaram a atenção dos investigadores. A pequena lagoa que aparece dentro da barragem. Isso indicaria, segundo especialistas, um problema de saturação, ou seja, de excesso de água no reservatório de rejeitos.
O número confirmado de mortos chegou a 150. Até agora, 182 pessoas seguem desaparecidas.
A força-tarefa que investiga o caso afirma que a mineradora identificou o excesso de água bem antes do rompimento, em junho do ano passado, quando foi feita a última revisão periódica da barragem. Naquela época, segundo as investigações, teria havido uma tentativa de drenar o reservatório que, além de não surtir o efeito desejado, agravou o problema.
Fontes ligadas à investigação confirmaram que a mineradora tentou acelerar o processo de drenagem instalando um sistema conhecido como DHP – dreno horizontal profundo. Para fazer os furos na barragem teria sido adotado um método que usa um jato de água pressurizado. A tarefa foi abortada, ainda de acordo com as investigações, na instalação do 15º tubo porque os técnicos perceberam que a água estava ficando presa dentro do maciço, em vez de retornar pela abertura.
Um vídeo, incluído na investigação, gravado próximo da barragem depois da tragédia, mostra que havia uma tubulação de captação de água rompida, lançando água em direção ao reservatório que desmoronou.
As autoridades apuraram que havia nascentes acima da barragem. Segundo elas, isso pode ter contribuído para gerar a saturação. Ainda de acordo com os investigadores, antes do rompimento, alguns piezômetros acusaram volume de água acima do normal.
A Polícia Federal tenta comprovar se também houve falha no sistema de drenagem.
A Vale declarou, ainda, que após a instalação dos drenos horizontais profundos, como medida adicional de segurança depois de uma auditoria regular, em 2018, foi feita uma inspeção em toda a barragem e não se detectou nenhuma anomalia.
A empresa também afirmou que duas auditorias foram realizadas, em junho e setembro do ano passado, por uma empresa de renome internacional, que atestaram a segurança física e hidráulica da estrutura. A vale declarou, ainda, que não havia nascente no corpo da barragem.
FONTE: G1