A ONG SOS Mata Atlântica divulgou recentemente uma atualização do seu Atlas da Mata Atlântica, que levanta a cobertura florestal deste bioma em 17 estados do país e, para o ano agrícola 2017/2018, Minas Gerais apareceu em 1° lugar em desmatamento, na contramão da maioria dos estados que já alcançam índices de desmatamento zero. A despeito da necessidade de qualificar estes dados, o SISEMA deve estar atento às implicações da nossa atuação em relação a componente florestal no mais diverso bioma do planeta e com maior área de cobertura exatamente em nosso estado.
Minas Gerais sempre se destacou na conservação e recomposição da Mata Atlântica, desenvolvendo muitos projetos neste sentido, através das ações do IEF, como a criação de Unidades de Conservação, a regularização reservas legais e áreas de preservação permanente, através de Termos de Compromisso Unilaterais, ou através de programas como o PROMATA, o Bolsa Verde, o Projeto Estruturador de Conservação da Mata Atlântica ou o recente Conexões Mata Atlântica, entre outros. Mas então, se tanto foi feito, como a cobertura florestal diminuiu?
Algumas variáveis a considerar são as alterações no passado recente do modelo da fiscalização, mudanças nas leis florestais com maior possibilidade de autorizar supressão, desastre de Mariana e redução de recursos para recomposição florestal no período levantado. Atividades desenvolvidas pela Fundação Renova em Mariana e as já implementadas pelo Estado, evidenciam que não é só plantar árvores que tudo vira floresta. É importante verificar os processos já executados ou ainda se existem outros modelos.
A diversidade das mudas foi avaliada em pesquisa da FAPESP apresentada no documentário “Modos de Restaurar as Florestas”, de 2016, com o objetivo de auxiliar produtores rurais de São Paulo na implementação de Programa de Regularização Ambiental. A metodologia para recobrimento de floresta mais eficiente e redução de até 50% dos custos, teve experimento em Mogi das Cruzes, com plantio de mais de 100 espécies/hectare, resultando na formação de floresta em equilíbrio após cerca de 12 anos. A ideia é reproduzir ecossistemas de referência, espalhando muitas espécies e poucos indivíduos de forma a protege-los de pragas.
São utilizadas espécies de determinados grupos funcionais em diferentes momentos da restauração, recuperando processos que constroem e mantêm as florestas nativas. Espécies de recobrimento com rápido desenvolvimento e grande copa, são combinadas com espécies exóticas de adubação verde, para produzir uma estrutura de floresta no menor tempo possível, eliminando filtros, como a competição por gramíneas. As espécies exóticas escolhidas devem ser não invasoras e não resistentes a sombreamento, para que saiam do sistema quando as nativas de recobrimento as sombrearem. Depois vem o enriquecimento, caso ela não ocorra naturalmente. O Instituto de Botânica de São Paulo divulga os viveiros que produzem as mudas no estado, além de ter elaborado um manual com imagens e uma lista de espécies para cada região do estado para apoiar os interessados na implementação do modelo.
Vale a reflexão!
Eduardo de Araújo Rodrigues | Analista Ambiental – SISEMA
Fontes: https://www.sosma.org.br/108410/atlas-da-mata-atlantica/
http://revistapesquisa.fapesp.br (em https://www.youtube.com/watch?v=a2ygqm4UOkI)
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