CPI vai apurar risco de desabastecimento de água em BH após tragédia em Brumadinho

CPI vai apurar risco de desabastecimento de água em BH após tragédia em Brumadinho
De acordo com a pesquisa, o rio Paraopeba é uma área com risco de transmissão de esquistossomose

 

A Câmara Municipal de Belo Horizonte decidiu instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a eventual falta de água em Belo Horizonte e na região metropolitana por causa do rompimento da Barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho, a 55 quilômetros da capital mineira. O objetivo dos trabalhos é prevenir um colapso no sistema de abastecimento de água, ainda que a Copasa negue essa possibilidade.

Em uma ação coletiva, com assinatura de 23 vereadores, o requerimento para a instauração da CPI foi recebido pela presidente da Câmara, Nely Aquino (PRTB), na última segunda-feira, três semanas após o desastre com a barragem da Vale.

Agora, a presidente da Casa tem até a próxima segunda-feira, dia 18, para indicar os sete membros que irão compor a comissão, sendo um presidente, um vice-presidente e cinco relatores. O prazo regimental para concluir as apurações é de 120 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período.

Por ter sido o primeiro signatário do documento, o vereador Bim da Ambulância (PSDB) deverá compor, obrigatoriamente, a comissão. Segundo o tucano, a preocupação dos parlamentares é com a possível contaminação das águas do rio Paraopeba e com o desabastecimento de água em cidades próximas a Brumadinho, situação que poderia afetar Belo Horizonte.

“Nós queremos ter certeza de que a população de BH e da região metropolitana não será prejudicada, porque qualquer desvio no abastecimento afeta BH. Além disso, é preciso ter certeza de que a água que chegará a essas cidades não está contaminada. Há quatro anos, tivemos uma crise hídrica e foi necessário o governo de Minas investir R$ 128 milhões em obras no Sistema Paraopeba, com risco de faltar água no Estado. Então, temos que nos preocupar”, diz o parlamentar.
Logo após a catástrofe em Brumadinho, a Copasa suspendeu a captação de água no rio Paraopeba, que corta a cidade. O Sistema, que não é alimentado pelo rio Paraopeba e sim pelos reservatórios das represas de Rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores, é responsável por abastecer 50% da população da região metropolitana, o que corresponde a cerca de 3 milhões de pessoas em mais de 17 cidades.

Em Belo Horizonte, apenas 30% da captação de água é feita por meio do Sistema Paraopeba — o restante é alimentado pelo sistema Rio das Velha, que não foi afetado com o rompimento da barragem em Brumadinho. Por isso, a Copasa reforçou, por meio de nota, que “esses reservatórios, juntamente com a captação do Rio das Velhas, têm suficiência para a continuidade e a normalidade do abastecimento de água para a população da região metropolitana”.

Segundo o professor Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão da UFMG, é preciso acompanhar o abastecimento de água nos próximos meses, mas não há como garantir a estabilidade do abastecimento.

“Não é porque o Rio Paraopeba não abastece Belo Horizonte que a cidade não será afetada. Se a Copasa tiver dificuldades para captar água nas outras represas, se as chuvas não ajudarem, claro que pode acontecer o desabastecimento. É preciso monitorar, só assim para ter certeza”, disse Polignano.

FONTE: Hoje em Dia 

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