Atividade integra programação centrada na luta por direitos, que reunirá outros movimentos na Praça da Assembleia.
Vindas de regiões como Vale do Aço e Zona da Mata e de comunidades mais distantes, do Vale do Jequitinhonha e do Norte de Minas, mais de 300 mulheres participam desde esta terça-feira (6/3/18) de acampamento do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) montado na Praça Carlos Chagas e na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A atividade faz parte da programação especial Mulheres na Luta por Direitos: Resistência, Poder e Democracia, realizada pela ALMG junto com diversas entidades para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março.
Um dos objetivos do movimento é cobrar a aprovação e a implementação da Política Estadual dos Atingidos por Barragens, em tramitação na ALMG, além de diversos outros itens que constam de uma extensa pauta de reivindicações.
Com o intuito de cobrar políticas voltadas para o acesso à água, à energia e à terra, está prevista uma marcha das mulheres em direção à sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), no bairro de Lourdes, na tarde desta terça-feira (6). A expectativa é de que o movimento seja recebido por representantes do Governo do Estado.
“Várias de nossas pautas regionais foram discutidas em mesas de diálogo com o governo. Eles ouviram o movimento, sim, mas não houve os encaminhamentos concretos que esperávamos para questões básicas, como o acesso à água para consumo humano e para a produção”, afirma Aline Ruas, da coordenação do MAB.
Como exemplo, ela menciona o projeto Veredas Sol e Lares, que já teria sido aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sem contudo ter saído do papel. O projeto, segundo ela, é inovador e envolve a produção híbrida de energia combinando água e energia solar, tendo sido desenvolvido pela Cemig em parceria com instituições e universidades.
Reivindicações – A institução da Política dos Atingidos por Barragens Peabe, que abre a pauta do movimento, consta do Projeto de Lei (PL) 3.312/16, do governador. A matéria passou pelas Comissões de Constituição e Justiça e do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social e aguarda parecer de 1º turno da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária.
Entre outros itens da pauta elencados como emergenciais pelo movimento, está o acesso dos atingidos ao Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas (Fhidro-MG).
Eles também reivindicam a participação em gestões voltadas para a solução de conflitos e para a recuperação do Rio Doce, em virtude do desmoronamento da Barragem de Fundão, da Samarco, ocorrido em Mariana (Região Central do Estado) há dois anos.
Agricultoras expõem produtos em feira
Muitas delas agricultoras familiares, as mulheres acampadas na ALMG instalaram no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira da ALMG uma feira onde estão à venda verduras, doces, queijos e temperos.
“Nós temos que ter valor, e independente de qualquer coisa, estamos dispostas a todo momento a vir lutar por direitos”, explicou Ivonete de Barros Nascimento sobre sua presença no acampamento. Moradora da comunidade quilombola Pega, em Virgem da Lapa (Vale do Jequitinhonha), ela ocupou um ponto da feira para vender verduras e disse estar “feliz por trabalhar na produção”, apesar de dificuldades cotidianas.
A chegada de água encanada à sua comunidade não trouxe uma tranquilidade duradoura como ela esperava. As tarifas são altas e os cortes por falta de pagamento frequentes, conforme explicou. Vender a produção na cidade ou abastecer o programa de merenda escolar também não têm sido tarefas fáceis.
“Gastamos muito com o transporte. Diziam que tem carros para levar para as escolas o que vai para a merenda, mas a gente não vê, e isso tira o lucro do agricultor”, relatou. Ela espera “fazer um dinheirinho” com a feira no acampamento, onde dezenas de crianças também acompanham as mães e têm atividades do MAB especialmente voltadas para elas.
Programação vai até quinta-feira (8)
Nesta quarta-feira (7) e na quinta (8), deverão se unir às mulheres do MAB na Praça da Assembleia outras centenas vindas de diversos outros movimentos, organizações e sindicatos.
Na quarta, haverá atividades programadas na Praça da Assembleia entre 8 e 18 horas, incluindo debates sobre direitos das mulheres, oficina de bordados e apresentações culturais, tais como capoeira infantil, samba de roda e hip hop.
Na quinta, o grupo acampado marchará rumo à mobilização na Praça Sete, unindo-se a outros movimentos e coletivos de mulheres. Ao longo do dia, as lideranças se revezarão em uma programação de debates, enquetes, oficinas e apresentações culturais.
Entre as atrações estão o Quarteto Musical da Polícia Militar, aulão aberto de dança e o grupo teatral da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte.
Fonte: Assembleia Legislativa de Minas Gerais
Deixe um comentário