Por Matheus Adler, para o Jornal Estado de Minas
Ao Estado de Minas, Benfica relatou que nunca havia visto um incêndio da proporção do que atingiu a Serra do Cipó neste ano. Ele relatou os momentos dramáticos na linha de frente do combate às chamas. “É uma sensação de guerra. Literalmente, cada um lutando por sua vida. Mas eu diria que a gana, a raça, o tanto que você precisa se doar pela causa, o fato de que você precisa contar com todos ao seu lado e vice-versa, tudo isso é praticamente uma mentalidade de ‘vamos ganhar a qualquer custo’. É uma coisa impressionante o tanto que esse incêndio conseguiu afetar”, disse o biólogo.
Carlos Eduardo contou que as equipes na Serra do Cipó tiveram o auxílio de brigadas de outras localidades, como da Serra do Caparaó e do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, além de autônomos e bombeiros militares folguistas. Apesar da ajuda extra, o biólogo sentiu que a principal dificuldade na luta contra o fogo foi a logística, mais especificamente no gerenciamento de pessoas, uma vez que a comunicação entre os combatentes era difícil.
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
“Uma comunicação onde o celular não pega direito e os rádios são escassos dificulta bastante. Durante a noite, período em que os helicópteros e aeronaves não realizam atividades, por volta das 18h até as 6h, ficamos sem apoio logístico aéreo. Então isso dificulta ver qual a dimensão das chamas durante esse período”, afirmou.
Num combate de grandes proporções, como foi o caso na Serra do Cipó, a rotina de todos envolvidos, mesmo que de forma involuntária, sofre alterações, principalmente no que diz respeito ao sono. Entre os turnos noturno e diurno, Carlos disse que chegava a dormir apenas duas horas, mas que o período de descanso variava bastante.